Após bater um recorde de movimentação mensal em fevereiro, um mês mais curto que o normal, o terminal da CLI no porto de Santos segue em ritmo forte e projeta encerrar o ano com crescimento de mais de 15% nos embarques combinados de açúcar e grãos, disse o diretor operacional Luis Neves à Reuters.
Esse crescimento ante o ano passado, que pode resultar em embarques de cerca de 16 milhões de toneladas em 2024, deve se dar principalmente por conta da maior exportação de açúcar, o carro-chefe da CLI no terminal em Santos que responde por cerca de um terço de toda a exportação brasileira do adoçante.
A quebra da safra de soja do Brasil pode resultar em uma demanda para elevação de grãos levemente menor do que o previsto, mas ainda assim a projeção é de crescimento de 1 milhão de toneladas na comparação com o ano passado.
Se houver algum “soluço” momentâneo com grãos, nada que o açúcar não possa compensar, comentou Neves em entrevista à Reuters, no cais santista, enquanto um navio com mais de 60 mil toneladas de capacidade era carregado com a oleaginosa antes de zarpar com destino à Índia.
“Este ano a gente está vislumbrando que o açúcar possa ter mais demanda do que o inicialmente previsto. E talvez a soja possa ter um pouquinho menos de demanda por elevação do que o previsto. Quando acontece esse tipo de movimento, a gente ajusta a programação no terminal, direcionando mais capacidade para açúcar do que para grãos, e vice-versa”, afirmou ele.
A exportação de açúcar pelo terminal da CLI, o maior para embarques do adoçante do Brasil, com 40% do “share” no porto de Santos, deve passar de 8,1 milhões de toneladas em 2023 para algo entre 9,3 milhões a 9,5 milhões de toneladas, com a companhia de olho em novo recorde na produção na safra de cana 2024/25 do centro-sul, disse Neves.
De grãos, a expectativa é elevar embarques de 5,5 milhões para 6,5 milhões de toneladas.
Com dois berços de atracação, geralmente um para açúcar e outro para grãos, a CLI consegue ter essa flexibilidade, o que “ajuda muito” a trabalhar a plena capacidade durante todo o ano, enquanto recebe até 75% dos produtos via ferrovia, tendo a Rumo como sócia no terminal com 20% de participação no empreendimento.
Em fevereiro, o açúcar respondeu por 900 mil toneladas das 1,3 milhão de toneladas embarcadas, um recorde.
“O açúcar está melhor que no ano passado… o mês de fevereiro é um mês mais curto, e teve um número muito significativo. Nós crescemos 10% versus o recorde histórico anterior”, disse o executivo operacional da CLI Sul, que responde pelo porto de Santos.
A CLI, controlada conjuntamente pela Macquarie Asset Management e pela empresa de private equity IG4, atua ainda no Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram), no porto de Itaqui. Mas em Santos a sua movimentação de commodities agrícolas é quatro vezes maior.
Neves avalia que, em um ano de quebra de safra e preços mais baixos — ainda que a produção de soja deva ser a segunda maior do Brasil –, contar com um terminal eficiente, com descarga ferroviária, é uma grande vantagem comparativa. Assim como o fato de poder operar com commodities diferentes, como açúcar e grãos, o que permite ajustes.
“O nosso mercado é muito antecipado. Então praticamente a enorme maioria da capacidade é comercializada em antecipação. Toda a capacidade que a gente tem para 2024, planejada, ela foi praticamente toda ela já comercializada em 2023”, destacou.
A CLI planeja investir 600 milhões de reais em seu terminal do porto de Santos, o que deverá permitir aumento da capacidade de movimentação do terminal entre 2 milhões a 2,5 milhões de toneladas por ano.
As obras efetivas da ampliação devem começar no primeiro semestre de 2025.
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