Em depoimento à CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas, nestaquarta-feira (10),opresidente do Clube Atlético Patrocinense (MG),Roberto Avatar,opinou que a derrota da agremiação para o Inter de Limeira (SP), em 1º de junho, teve dois gols “estranhos”, mas isentou a diretoria do clube de qualquer responsabilidade sobre o resultado e cobrouinvestigação para apontar irregularidades e identificar culpados.
A oitiva de Avatar atende arequerimento ( REQ 87/2024 - CPIMJAE ) apresentado pelo senador Jorge Kajuru (PSB-GO), presidente da CPI. Kajuru mencionou a suspeita de manipulaçãona partida em que o Patrocinense perdeu por 3 a 0 para o Inter de Limeirapela Série D do Campeonato Brasileiro.Apartida está sendo investigada pela Polícia Federal (PF) com base em ofício da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) mencionando um relatório da empresa Sportradar.
Também convidado para a reunião de hoje, o representante da empresa Air Golden — antiga gestora do futebol do Patrocinense —, Anderson Ibrahim, informou à comissão que não compareceria por motivos familiares. Ao fim da reunião, a CPI aprovou que Ibrahim ( REQ 94/2024 — CPIMJAE ) agora seja convocado, e não mais convidado, para nova audiência.
Avatar salientou que a administração do Patrocinense é pautada pela estrita lisura, motivo pelo qual, no dia seguinte à partidade resultado suspeito, o clube rompeu o contrato com a Air Golden.
— Muitas pessoas me diziam que eu era louco, porque no contrato tem uma multa de 500 salários mínimos. Para quem foi rebaixado no campeonato mineiro igual a nós [...], 800 mil é muito dinheiro, mas, acima de tudo, é a honestidade do clube que estava em jogo.
O senador Romário (PL-RJ), relator da CPI, acrescentou informação da PF sobre um volume anormal de pessoas apostando que o Patrocinense sofreria dois ou mais gols no primeiro tempo da partida,e exibiu vídeo de reportagem sobre a derrota do clube mineiro.Avatar disse que assistiu ao jogo pessoalmente e, para ele, o primeiro e o terceiro gol da partida pareceram “estranhos para quem está no meio do futebol”, mas não soube dizer se foram irregulares.
— Não estou falando que tem algo, que aconteceu algo, porque isso é a investigação que vai provar. Que seja provado para que os culpados paguem e o Clube Atlético Patrocinense seja inocentado dessa causa.[…] Se alguém for culpado, que seja pego, que seja condenado e que seja excluído do futebol brasileiro, porque nós já passamos por muitos perrengues.
Roberto Avatar acrescentou que teve contato com Anderson Ibrahim por somente cinco dias, entre a renúncia do presidente do Patrocinense, Ronaldo Corrêa, e a entrega da notificação da rescisão do contrato com a Air Golden.Ele acrescentou que, como gestora do futebol, a Air Golden encerrou suas atividades no Patrocinense sem ter pagado os salários dos jogadores de maio.
—Eu já propus várias vezes[aos jogadores]montarem uma comissão, e a gente entrar com um processo contra a empresa, para eles receberem os salários, e até hoje ninguém quis se pronunciar sobre isso.
Romário também expressou seu estranhamento diante do relato de Avatar sobre o jogador que marcougol contra na partida investigada e, dois dias depois, desvinculou-se do Patrocinense.
William Pereira Rogatto
Na abertura da audiência, Kajuru comentou a ausência do empresário William Pereira Rogatto, investigadopor suspeita de participar da manipulação de jogos,que tinha sido convocado para depor na reunião da CPI desta terça-feira (9).Para Kajuru, Rogatto teve o “azar” de afirmar, em vídeo publicado em rede social e apagado em seguida, que nunca tinha conversado com o secretário-geral da comissão; no entanto, Kajuru afirmou ter o registro da conversa e deixou um recado para Rogatto.
— Em relação a ti, eu o considerava apenas corrupto; agora, você conseguiu duas proezas: além de corrupto, você também é mentiroso. E, ao final desta reunião, você saberá como você vai ser tratado por nós aqui, de forma absolutamente com lisura, mas tratando você como você merece.
Com a concordância dos membros da CPI, Kajuru anunciou que acionará a Advocacia do Senado Federal para tomar as providências cabíveis diante da ausência injustificada de Rogatto.
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