O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) , subiu o tom para falar sobre as denúncias de funcionários da Saúde da cidade de Santos, que revelaram que corpos de mortos na Operação Verão da PM na Baixada Santista são levados como vivos para hospitais, a fim de evitar perícia.
"Sinceramente, nós temos muita tranquilidade com o que está sendo feito. E aí o pessoal pode ir na ONU, pode ir na Liga da Justiça, no raio que o parta, que eu não tô nem aí", disse o governador.
Segundo Tarcísio, o caso será investigado pelo Estado.
"Tem uma questão de denúncia, vamos investigar. Agora, nós precisamos de fato saber o que realmente aconteceu. Não há nenhum interesse da nossa parte em confrontar ninguém. Nós tínhamos lá na baixada uma série de barricadas que foram removidas. Locais em que o poder público não entrava. Hoje a gente retirou todas as barricadas. A gente está restabelecendo a ordem. Não existe progresso sem ordem", afirmou o governador.
Tarcísio ainda foi questionado sobre o assunto durante uma coletiva de imprensa e negou que o governo tenha recebido denúncias de irregularidades, além de defender a operação.
"Nossa polícia é extremamente profissional (...) A gente está fazendo o que é correto", disse.
O caso está sendo investigado pelo Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial (Gaesp), do Ministério Público de São Paulo.
Se for comprovada a retirada dos corpos, a ação pode ser caracterizada como crime de fraude processual. A pena para essa infração é de três meses a dois anos de detenção, além de multa.
Na última segunda-feira (26), entidades ligadas aos direitos humanos e sindicatos entregaram ao procurador-geral de Justiça, Mario Sarrubbo , um relatório de denúncias de abusos e violência policial durante a operação na Baixada Santista. O texto foi assinado por vários institutos, como Comissão Arns, Comissão de Direitos Humanos da OAB/SP, Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CONDEPE), Fórum Brasileiro de Segurança Pública e Instituto Sou da Paz.
No relatório, as entidades afirmam que, segundo testemunhas, os policiais cometeram diversas violações, entre elas, estão a execuções sumárias, invasões ilegais de domicílio e seis relatos de abusos policiais durante abordagens da Polícia Militar.
A Operação Verão é um desdobramento da Operação Escudo, que começou em 28 de julho de 2023 e foi suspensa em 5 de setembro do ano passado — as ações deixaram 28 mortos.
Retomada neste ano com novo nome, a Operação Verão já deixou 38 mortos. Nos dois casos, a operação foi deflagrada após mortes de policiais.
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