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Explosão em apartamento: coronel possui licença para 86 armas, mas polícia apura excedente ilegal

112 armas e carcaças de armas foram encontradas no imóvel, mas delegado aguarda perícia para confirmar o número. Defesa de militar diz que também espera laudos.

09/03/2024 às 18h24
Por: Redaçao
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Explosão em apartamento: coronel possui licença para 86 armas, mas polícia apura excedente ilegal

O coronel reformado Virgílio Parra Dias, proprietário do apartamento que pegou fogo após a explosão de um artefato em Campinas (SP), tinha licença para manter no imóvel 86 armas, segundo o Exército, mas a Polícia Civil vai investigar se havia um excedente ilegal no arsenal do militar.

Segundo a perícia, o incêndio, há duas semanas, começou no cofre do coronel a partir da explosão de um artefato. Ao todo, 44 pessoas que estavam em andares superiores foram retiradas do prédio, parte delas por meio de cordas, em uma manobra semelhante à técnica de descida em rapel.

Após o incêndio, a polícia encontrou 112 armas e carcaças de armas no imóvel, entre pistolas, revólveres, fuzis, espingardas e garruchas, além de granadas. Esse número, no entanto, ainda será confirmado por laudo pericial da Polícia Científica.

O delegado titular do 1º DP de Campinas, José Mecherino Andrade, explicou ao g1 que essa confirmação é necessária uma vez que parte do armamento estava queimado e , por isso, durante a apreensão, essa contagem pode ter sido imprecisa.

Segundo Mecherino, além do laudo do armamento, outros dois documentos são aguardados pela investigação:

  • O laudo de local do apartamento - que deve dar mais detalhes sobre o incêndio, a origem e a dinâmica do fogo;
  • O relatório do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) - que pode apontar se as duas granadas encontradas no apartamento e detonadas por eles estavam ativas ou inativas. Se ativas, pode configurar um crime, uma vez que a posse de explosivos no Brasil é proibido por lei.

Procurados pelo g1 para falar sobre a suspeita de excedente de armas, os advogados do militar, Ronny Marsico e Guilherme Almeida, afirmaram que aguarda os laudos periciais sobre o armamento e analisam a documentação das armas fornecida pela família do coronel para se manifestar.

Na semana passada, Marsico havia destacado o cuidado de Parra Dias com o armamento. "[Quatro décadas] que ele vem colecionando, que ele vem adquirindo coisas novas. Ele tinha uma paixão por essa coleção. Ele cuidava daquelas armas", afirmou ao Fantástico.

Autorização do Exército

Conforme documento do Exército, obtido pelo g1 com exclusividade, o coronel tinha autorização para manter 86 armas no apartamento e tinha registro de caçador, atirador desportivo e colecionador (CAC) válido até 2032, sendo a maioria das armas registradas como coleção.

A Polícia Civil também aguarda uma melhora no quadro de saúde do coronel para ouvi-lo. O delegado responsável pelo caso deve oficiar o Hospital Militar do Exército, onde Parra Dias está internado, para atualizar o quadro clínico dele e pedir informações sobre a alta hospitalar. Até a última atualização, o coronel estava em coma.

Reportagem do Fantástico do último domingo (5) trouxe imagens exclusivas sobre o caso e detalhes onde ficavam armazenadas as armas do coronel, uma espécie de cofre.

"Ele tinha um quartinho que ele montou, um quarto como se fosse um cofre, uma sala-cofre, algo do gênero. Inclusive, a gente esteve no apartamento, eu tive a oportunidade de ver a porta que ele colocou, uma porta extremamente grossa. Segundo o que a família falou, é uma porta blindada", detalhou o advogado da família.
"Ele era bastante rígido. Uma pessoa bastante rígida com relação a isso. Ele não permitia que os familiares entrassem nesse quartinho", completou. De acordo com a polícia, o militar poderia ter as armas, desde que com registros em dia.
Segundo a perícia, a detonação de um artefato dentro do cofre do coronel Parra Dias foi o que desencadeou uma série de explosões e o incêndio no imóvel. De acordo com a investigação preliminar da Polícia Civil, o militar construiu espécie de paiol no apartamento e armas estavam em local ‘no mínimo, inapropriado’.
Ao menos oito viaturas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e outras do Corpo de Bombeiros foram para o local. Trinta e quatro pessoas que inalaram fumaça precisaram de atendimento médico e foram encaminhadas para o Hospital Casa de Saúde e para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) São José — nenhuma em estado grave.
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