A Secretaria da Mulher, Pessoa com Deficiência e Igualdade Racial, por meio do Departamento de Promoção da Igualdade Racial (Depir), promoveu grupo reflexivo com corpo docente da Escola Municipal Luiz Jacob, no São Francisco.
Foram quatro encontros com foco no letramento racial, principalmente na aplicação da Lei Federal nº 10.639/03, que versa sobre o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana em todos os anos da educação básica. Participaram professores de ambos os períodos. A escola possui salas do Ensino Fundamental 1 e 2, ou seja, do 1º ao 9º ano.
De acordo com a historiadora e pesquisadora de culturas negras Pâmela Carvalho, letramento racial é desenvolver a capacidade de perceber, pensar e analisar a sociedade e as relações humanas a partir de uma ótica racializada, assim como a construção de um senso crítico, um olhar mais cuidadoso e generoso para as relações raciais. É perceber situações de racismo e sentir falta de negros em espaços ou postos de poder. É a porta de entrada para a educação antirracista e, consequentemente, para o combate da desigualdade racial.
A responsável pelo Depir, Márcia Grassiano, afirma que esses grupos reflexivos são de grande valia para a desconstrução do pensamento racista, pois convida os participantes a refletir sobre pensamentos, palavras, atitudes e comportamentos em relação à questão racial. “Esses grupos com os professores e a equipe gestora das escolas traz grandes benefícios, porque a gente vê a desconstrução dos pensamentos racistas. Às vezes, falta conhecimento ou uma conversa aberta para falar sobre o que é errado, o que é certo”, afirma. Nessas ocasiões, também são discutidos casos de racismo que acontecem em instituições de ensino, mantendo o sigilo das partes e dos locais.
Além de Márcia, conduzem os grupos reflexivos a assistente social Ester Martins e a estagiária Yasmin Iara da Silva, que cursa psicologia. Durante os grupos, são apresentadas leis, conceitos e figuras proeminentes na luta pela igualdade racial, desde a escravização até os dias atuais. O objetivo é trocar ideias com docentes sobre como abordar a questão racial em sala de aula, para além das datas de maio (abolição da escravatura, 13/5) e novembro (consciência negra, 20/11), assim como tirar dúvidas e discutir situações vividas em ambiente escolar.
A coordenadora pedagógica da E.M. Luiz Jacob, Maria Cecília Pereira Soares Ribeiro, explica que, a cada ano, são trabalhados temas geradores voltados para habilidades socioemocionais do corpo docente, o que incide na melhoria da qualidade do ensino, dentro e fora da sala de aula.
“Assim, um dos objetivos da coordenação pedagógica para o período letivo é esse despertar para a cultura africana, olhar para isso na nossa realidade, para que o professores e professoras possam realizar da melhor forma sua atribuição docente, tendo condição de discutir a temática com os alunos, para que haja de fato uma intencionalidade pedagógica”, afirma Maria Cecília. Os docentes participaram dos grupos reflexivos durante o Horário de Trabalho Pedagógico Coletivo (HTPC). A coordenadora cita o incentivo ao aprofundamento no tema com sugestões de leituras de artigos científicos, entre outros materiais.
Márcia complementa: “Eles (os professores) têm a teoria e a gente trabalha a parte prática, das nossas vivências diárias, então abordamos casos reais que atendemos no departamento, de pessoas que já sofreram racismo, discriminação e preconceito. Além de agregar no conhecimento, isso impacta positivamente na capacidade de agir com assertividade diante de situações semelhantes no ambiente escolar”, afirma a responsável pelo Depir.
Fotos: Bianca Zaniratto/Pref. Rio Preto
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