Duas mulheres negras. Protagonistas em suas áreas: educação, empreendedorismo social e artes. Juliana dos Santos Costa e Ana Paula dos Santos. Homenageadas na Galeria Aristides dos Santos em reconhecimento à trajetória de enfrentamento ao racismo e enaltecimento à negritude em Rio Preto. A cerimônia está prevista para o dia 25 de março, às 19h, no auditório da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
A escolha das homenageadas, cujos retratos integrarão a Galeria, foi feita pelo Conselho Municipal Afro (CMA) de Rio Preto, após votação dos conselheiros. A Secretaria da Mulher, Pessoa com Deficiência e Igualdade Racial, por meio do Departamento de Promoção da Igualdade Racial (Depir), custeia as fotos e os quadros e organiza o evento. O conjunto de retratos, que atualmente está na sede da secretaria, será transferido para a Casa Afro, em fase de implementação. “Assim que inaugurarmos a Casa Afro, vamos providenciar a mudança da Galeria para aquele novo espaço de convivência”, afirma a secretária Maria Cristina de Godoi Augusto.
“Acho muito importante a luta da mulher negra e do homem negro porque acredito que, quando nos unimos, criamos força. Antigamente, as pessoas sofriam caladas, sem se defender, sem saber o que era racismo. Hoje, sabemos da importância da luta antirracista”, afirma a empreendedora social Ana Paula, 37 anos. A homenageada é ligada aos projetos Juntos Contra a Fome, que auxilia famílias carentes e pessoas em situação de rua em Rio Preto, e o Afroart, oficina de artesanato cultural afro-brasileiro.
“Vejo a Galeria Aristides dos Santos como uma memória, uma memória viva que não se cala e que reconhece pessoas que, com sua atuação, conseguiram impactar em busca da igualdade em Rio Preto. As pautas raciais são a linha de frente das minhas pesquisas e atuação. Minha pesquisa de mestrado elabora um pensar do espaço escolar para meninas negras e agora, no doutorado, pesquiso a filosofia africana como prática didática na educação infantil”, diz a pedagoga Juliana. Em 2023, a doutoranda recebeu o apoio da Lei Nelson Seixas para desenvolver um livro infantil que carrega o protagonismo e os saberes negros.
A presidente do CMA, Claudionora Elis Tobias, também reforça o papel de preservação da história. “A essencialidade da lei que institui a Galeria Aristides dos Santos está no resgate da história da população negra, pois sabemos que no Brasil houve um processo de apagamento da história, da cultura, dos nomes. Assim, quando o município tem essa preocupação de homenagear pessoas negras, percebemos que a história será preservada.”
“Neste ano, a homenagem fica ainda mais especial, pois serão duas mulheres negras indicadas para integrar a Galeria. Quanto mais pessoas que trabalham pela causa são reconhecidas, o movimento se fortalece, fazendo com as pessoas não se sintam sozinhas”, afirma a responsável pelo Departamento de Promoção da Igualdade Racial, Márcia Grassiano.
A Galeria Aristides dos Santos foi instituída em 2014, por meio da lei nº 11.493, de autoria da vereadora Karina Caroline de Souza. A norma prevê que, anualmente, duas personalidades sejam escolhidas para ter seus nomes imortalizados na história da cidade, como exemplo de luta antirracista, em prol da igualdade racial.
Solenidade de inclusão de personalidades na Galeria Aristides dos SantosData: 25/3/24 (segunda-feira)Horário: 19hLocal: OAB Rio PretoEndereço: Avenida Brigadeiro Faria Lima, 5.853 - Vila São José
Mín. 15° Máx. 28°