Acelerar uma moto de corrida a mais de 200 quilômetros por hora é uma tarefa que exige muita coragem, habilidade e técnica. Um feito admirável para um piloto adulto. Algo que se torna ainda mais surpreendente quando se trata de uma criança. Pois essa é a rotina do talentoso piloto de Praia Grande, Murilo Gomes. Aos 13 anos, o praia-grandense, que é um amante da velocidade sobre duas rodas, tem se destacado cada vez mais nas competições nacionais. O trajeto até o sucesso é longo e cheio de curvas e retas, mas a jovem promessa sabe muito bem onde quer chegar: voar nas pistas da Moto GP, principal categoria da modalidade em todo o mundo.
“Sou apaixonado por moto. Competir é o que amo fazer e o que quero para minha vida. Não é fácil, mas vou fazer o possível para transformar meus sonhos em realidade. Um passo de cada vez”, disse Murilo, com sorriso no rosto e vencendo mais um desafio, a timidez.
Todo esse sentimento pelo mundo da velocidade sobre duas rodas tem explicação e vem de dentro de casa. O pai de Murilo, Mario Paulo Silva, foi piloto profissional de motovelocidade e disputou diversos campeonatos. Desde pequeno, a jovem promessa praia-grandense viveu neste ambiente e, naturalmente, foi se familiarizando e acostumando a comandar as máquinas potentes.
O primeiro contato com uma moto veio aos quatro anos, quando ganhou uma máquina considerada veloz para a sua idade e tamanho. Foi o ponto de partida para o caso de amor que dura até hoje. O fato de acelerar sem medo e da habilidade nas manobras chamou a atenção dos pais, que decidiram investir na ‘brincadeira’. Em pouco tempo se convenceram do talento natural do menino e o que era apenas diversão se transformou em um projeto de vida.
A família é a principal base de Murilo. O pai, que atualmente trabalha como caminhoneiro, foi um exemplo e principal incentivador para o ingresso na modalidade. Por conta do dia a dia corrido, a mãe, Tatiane Raquel Gomes Pereira, gerencia a carreira do jovem piloto. Além dessa função de organizar as atividades, logísticas de treinos e corridas, ela também tem um papel de destaque na vida do piloto: o de fã incondicional número 1.
“É um orgulho ter ele como filho. O coração de mãe fica apertado quando ele vai para pista. Mas eu fico feliz porque é o que ele quer fazer. Rezo, peço a Deus que o proteja e fico na torcida para que traga resultados positivos”, comentou Tatiane, sem desgrudar o olhar acolhedor para o filho.
Morando há pouco mais de um ano em Praia Grande, no Bairro Canto do Forte, a família encontrou perto do mar a tranquilidade para tocar os projetos ligados à vida pessoal, carreira e o futuro de Murilo. O menino estuda na Escola Municipal São Francisco de Assis e é uma celebridade para os amigos que conhecem os seus feitos dentro das pistas.
“Aqui encontramos a paz. Quando preciso ir para São Paulo fico estressada com o trânsito. O Murilo adora andar de bicicleta e em Praia Grande consegue fazer isso e se divertir. Ele é tímido e não fala muito das competições para os colegas. Mesmo assim, o pessoal fica perguntando e curioso sobre tudo, principalmente, essa questão da velocidade”, explicou a mãe, toda orgulhosa.
Carreira – Murilo começou a competir aos 9 anos, em 2020. E já no ano de estreia conseguiu chegar ao vice-campeonato do SuperBike Brasil, na categoria Honda Jr Cup, uma das principais competições do País em sua faixa etária. A decisão do título foi polêmica, com revisão no regulamento. Por pouco, o piloto praia-grandense não se sagrou campeão logo de cara.
A cada corrida, novos aprendizados. A quilometragem dentro da pista significa mais experiência e um ritmo de corrida cada vez melhor. As vitórias alcançadas nas competições comprovam a evolução técnica. Desde os primeiros quilômetros rodados nas pistas, já foram cerca de 15 triunfos, algo relevante para um piloto tão novo.
Mas a vida de um esportista não é marcada só por glórias. É preciso superar as muitas adversidades, cair e entender o motivo da queda para levantar mais forte. Em 2022, foi exatamente uma queda que atrapalhou os planos de Murilo e o deixou longe de sua moto por seis longos meses. Para tristeza do piloto e de toda sua família, a temporada ficou comprometida.
“Foi um momento horrível. Fraturei o tornozelo e tive que passar por uma operação delicada. Foram meses de recuperação e fiquei triste com isso. Mas é passado. Agora, estou focado nas competições e em melhorar a cada corrida”, destacou o jovem.
2024 - A temporada de 2024 pode significar um divisor de águas neste início de carreira. Murilo está disputando o Campeonato Moto100GP, pela Yamaha R3 bLU cRU América Latina, patrocinada pela marca Yamaha, uma das maiores do planeta quando o assunto é moto. Só esse fato já demonstra a importância e credibilidade do evento. E tem mais. O piloto praia-grandense disputa a categoria R3 Talent. Ao final do ano, o campeão garante uma vaga na etapa mundial da competição.
Neste final de semana (dias 29 e 30), Murilo encara mais uma etapa da Yamaha. O desafio será no templo sagrado do automobilismo brasileiro, o autódromo José Carlos Pace, conhecido como Interlagos, que fica localizado na capital paulista. A terceira etapa da competição será a chance de uma nova volta por cima do praia-grandense, já que vem de duas quedas nas corridas anteriores.
Curiosamente, foi exatamente em Interlagos que o jovem de Praia Grande atingiu sua maior velocidade pilotando uma moto de competição, 209 km/h e também local em que viveu o drama da sua pior queda e lesão. Definitivamente, é uma pista marcante em sua história.
“O final de semana conta com rodada dupla, ou seja, duas corridas. Na primeira etapa, no circuito de Goiânia eu acabei sendo tocado e cai na primeira corrida. Tive uma outra queda na prova seguinte. Agora, é hora de buscar uma boa classificação. No final de semana passado, venci a 4ª etapa do SuperBike Brasil, também em Interlagos. Ser P1 é sempre muito bom. Esse resultado me dá ainda mais motivação para a Yamaha R3. Quem sabe vem aí uma nova volta por cima”, declarou o Murilo, olhando para o horizonte e sonhando com a bandeira quadriculada e o com 1° Lugar na categoria.
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